Frida vive! – e ainda causa fascínio
Sociedade

Frida vive! O eterno fascínio por Frida Kahlo

Por que, mesmo após 60 anos da sua morte, a pintora mexicana ainda é um mito? Jornalista mergulha no universo das tecelãs de Oaxaca para conhecer a moda e o estilo de Frida, que colaboram para sua imortalidade

em 12/01/2016 • 21h00
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Em meio às chacoalhadas da van ao longo da autoestrada 150, os cinco jornalistas que se juntaram para viajar da Cidade do México até Oaxaca para fazer uma ampla pesquisa sobre as roupas e o estilo de Frida Kahlo discutiam o fato de que, 60 anos após sua morte, a pintora mexicana ainda é objeto de fascínio global e de enaltecimento. Os jornalistas tentam pensar em outras artistas que tenham se valido por tanto tempo do mesmo renome mundial de Kahlo, mas só vem um branco.

2015 marcou o 90º aniversário do acidente de trânsito que deixou Kahlo com deficiência, um divisor de águas devastador que também teve um lado positivo; ele a obrigou a abandonar o estudo da medicina e dedicar-se à arte. Ao passar longas horas na cama se recuperando de cirurgias que nunca melhoraram muito a sua condição, Kahlo teve tempo suficiente para usar suas mãos para desenhar e pintar.

Seu trabalho, que consiste em quase 150 obras realizadas entre 1925 e sua morte em 1954, tem sido estudado exaustivamente. A sua qualidade contestada e seu simbolismo analisado de maneira incessante. As peças continuam a ganhar exposições de sucesso – como a que ocorreu em São Paulo até 10 de janeiro. Além das figuras femininas destacada na mostra paulistana, esses eventos costumam exaltar temas relativos à dor e ao sofrimento, ou ao lado das obras de seu marido, o muralista mexicano Diego Rivera. De Phoenix a Paris e de Buenos Aires a Xangai, o público amante da arte conhece não só o nome, mas também o rosto e o trabalho de Kahlo, além dos momentos mais importantes da linha do tempo de sua vida.

Ou isso é o que eles pensam. Isso é o que todos nós pensamos.

De tudo que sabemos sobre ela – ou que pensamos que sabemos sobre ela – há muito sobre a história de Kahlo que ainda não foi escrito, sobre novas maneiras de nos aproximar, ver e entender suas pinturas e sua vida. Em 2015, várias instituições culturais e organizações privadas planejaram programas públicos épicos com intenção de tocar o interesse coletivo sobre Kahlo e, ao mesmo tempo, nos mostrar lados dela que talvez nós não conheçamos.

O Detroit Opera apresentou uma produção de Robert Xavier Rodriguez sobre Frida em março, numa ambiciosa festa que envolveu esforços sem precedentes não só para engajar os latinos como audiência, mas também como co-anfitriões e beneficiários econômicos de uma agenda intensa de eventos que acompanharam a ópera.

Em maio, o Jardim Botânico de Nova York inaugurou “Frida Kahlo: Art, Garden, Life”, uma exposição que transformou o Conservatório Enid A Haupt em uma releitura do jardim e estúdio de Kahlo da Casa Azul, sua residência com Rivera na Cidade do México. Como a ópera, ficou seis meses em exibição – e incluiu também uma mostra de diversas pinturas de Kahlo, todas focadas na admiração da artista pela flora mexicana. Uma das metas, segundo Karen Daubmann, vice-presidente associada de Exposições e Engajamento Público, era ajudar as pessoas que pensam que conhecem Frida a aprenderem mais sobre ela.

foto por: Velovotee
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Muito do que falam sobre Frida é menos sobre seu trabalho e mais sobre sua pessoa, mas os dois são inseparáveis

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Para alguns, o culto em torno da personalidade Kahlo testa a paciência. “A veneração de Kahlo tornou-se muito forçada”, escreveu Sanford Schwartz em um artigo de 2008 do New York Review of Books. Ele é um entre muitos críticos e observadores que têm questionado se as obras de arte de Kahlo merecem a quantidade de atenção e elogios que têm atraído, mas, em muitos aspectos, essa linha de questionamento é incompleta. Muito do que falam sobre Kalho é menos sobre seu trabalho artístico e mais sobre sua pessoa, contudo, é verdade que os dois são muitas vezes inseparáveis.

A admiração que Kahlo exerce sobre um público global tem relação com todo o perrengue que virou sua vida após o acidente de trânsito devastador que a deixou com uma dor incessante; com seu tempestuoso e apaixonado relacionamento com Rivera; com o fato de que ela não apenas passava por estes desafios, mas aparentemente se sentia compelida a vivê-los publicamente, ao invés de escondê-los e, não menos importante, tem relação também com seu estilo cuidadosamente cultivado, uma personagem que ela criou para ela mesma.

Esta personagem foi criada, em grande parte, por conta das roupas e acessórios que Kahlo utilizava. Frida nunca foi de se misturar na paisagem. “Tudo sobre ela, desde o penteado até a bainha de seu vestido, respira uma espécie de alegria travessa...”, escreveu sua enteada, Guadalupe Rivera, no livro “Fiestas de Frida”.

‘Travesso’ e ‘alegre’ podem não ser os primeiros adjetivos que vêm à mente quando um espectador olha para um dos autorretratos de Frida; embora existam fotografias e vídeos de Kahlo sorrindo e rindo, em quase todas as suas pinturas, ela descreve a si mesma de maneira sóbria, muitas vezes com um olhar duro e constante e uma expressão séria.

Mas suas roupas e acessórios – sedas e veludos ricos e texturizados; bordados vívidos, coloridos à mão; e peças de joias feitas de materiais locais, como coral, jade e pedra vulcânica – pareciam vivos. Desde o dia do seu casamento com Diego Rivera, escreveu Guadalupe Rivera, Kahlo decidiu vestir-se “no estilo Oaxaca… intenso com bordados, fitas e motivos florais….”. A roupa, a maior parte dela feita à mão por comunidades indígenas de Tehuantepec, no estado de Oaxaca, deixa Kahlo bem diferente de seus contemporâneos, que estavam cada vez mais se afastando do tradicional estilo mexicano para abraçar ‘modernos’ modelos europeus (pense, por exemplo, em um terno Chanel).

Os jornalistas designados para cobrir a produção de Frida do Detroit Opera juntaram-se a um representante da ópera em uma viagem a Oaxaca, onde os trajes que refletem a vida e estilo de Kahlo foram fielmente encomendados. Eles estão aqui para um curso intensivo de têxteis de Oaxaca, um tópico (que eles irão aprender bem rápido) vasto em amplitude e profundidade e que envolve questões que afetam a todos nós.

Eles começam suas pesquisas com o mais alto Oaxaca da família Leyva. O patriarca senta-se na porta da oficina (e casa) da família e organiza carretéis de linha cor de abóbora. Ele faz um gesto para os jornalistas entrarem. Pisando sobre o limiar, seus olhos se acostumam com a luz fraca da antessala, um espaço preenchido por três grandes teares de madeira e uma roda de tecelagem menor. Um de seus filhos, Gustavo Leyva Flores, leva-os para um outro quarto, onde ele conta como seu irmão puxa o fio preto de 21 bobinas, e todos se sentam no chão, sob mais um tear, em uma estrutura vertical giratória. Apesar dos dedos grossos do irmão de Gustavo e uma pança de tamanho generoso, ele se move com a graça e a agilidade de uma aranha, acostumado a enrolar e desenrolar a linha, dia após dia. Uma mão puxa o fio, enquanto a outra mantém um movimento constante, e ele sobe e desce, para cima e para baixo, de uma cadeira bamba para verificar o seu progresso e checar se não há fios emaranhados.

foto por: Museu Frida Kahlo
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A fascinação que Frida exerce tem também relação com seu look, uma personagem que ela criou para ela mesma

Os estrangeiros vêm, se surpreendem e se encantam pelo artesanato dos Leyvas. Eles pechincham, sim, mas reconhecem qualidade quando veem, diz Gustavo. Eles sabem que seria muito difícil encontrar colchas, cortinas e toalhas de mesa feitas com tamanha habilidade em sua cidade natal, onde grandes lojas compram por atacado da China e revendem o produto em série, como biscoitos produzidos por máquinas. Milhares de clientes podem ter exatamente o mesmo item. Chame isto de exótico, se quiser, mas o desejo de comprar uma lembrança única, artesanal, que é resultado de conhecimento e habilidade transmitidos por meio de gerações de famílias e até toda comunidade, para os Leyvas, são somente o seu pão de cada dia.

“Os mexicanos não compram mais essas coisas”, diz Gustavo, explicando que os moradores certificam a sua ascensão social – ou a percepção de que ascenderam – abstendo-se de bens feitos no México em favor daqueles que vêm do exterior. “Ou pelo menos aqueles que chegam em um saco que diz ‘Made in France’”, acrescenta Gustavo, com uma ponta de amargura e sarcasmo em sua voz. Ele lamenta a perda de conhecimento sobre tecelagem na própria comunidade que por muito tempo foi sinônimo de arte. “Um proprietário de hotel chega aqui e diz: ‘Eu quero 20 colchas. Até amanhã’”, diz Gustavo enquanto balança a cabeça. “Nós rimos. 20 colchas? Em um dia?”

Remigio Mestas Revilla, proprietário de Los Baúles de Juana Cata, uma boutique têxtil no centro histórico da cidade de Oaxaca, está fazendo todo o possível para evitar a perda desse conhecimento. Mais do que um dono de loja e vendedor, Mestas é um historiador têxtil de renome mundial, uma enciclopédia ambulante, não só de têxteis de Oaxaca e do México, mas das influências globais e conexões ligadas a elas.

“Nove dos 16 grupos indígenas em Oaxaca ainda tecem”, diz Mestas, como introdução, antes de começar uma aula improvisada sobre os 101 tecidos Oaxaca. Ele coloca um pedaço de tecido após o outro sobre uma longa mesa estreita. Enquanto ele desdobra cada pano – alguns de veludo, outros de seda e algodão – Mestas detalha seus atributos: seus estilos, os materiais e técnicas utilizadas para criá-los. Ele pode contar a quem quiser saber a proveniência de cada peça: de onde veio, quando ele adquiriu e até mesmo os nomes e sobrenomes do artesão que a fez e sua etnia indígena.

“Isto é cadenilla”, explica ele, descrevendo o estilo cross-hatch feito à máquina encontrado no huipiles, um tipo de blusa, do istmo de Tehuantepec. “A máquina só foi fabricada entre 1910 e 1940. Até hoje ainda existem tecelões que utilizam este tipo de tear.” Ele aponta para o rosa vibrante e as flores vermelhas que se juntam ao tecido verde floresta espalhado ao longo da mesa. Seus dedos tocam o tecido com uma certa reverência enquanto ele começa a contar da influência chinesa nos tecidos que vêm de Tehuantepec. “O tecido é na verdade um texto”, diz Adrian Hijar, um dos jornalistas, ele próprio um especialista têxtil.

Quando morreu, em 1954, o notável guarda-roupa de Kahlo foi colocado num depósito. Entre as instruções que Rivera deu para a administração dos seus bens, uma era esta: as roupas de Kahlo não deviam ser vistas pelo público durante pelo menos 50 anos.

Em 2004, o banheiro e o closet da Casa Azul foram abertos e mais de 200 peças de roupa foram confiadas a Denise e a Magdalena Rosenzweig, restauradoras que iriam avaliar a condição do vestuário e preservar tantas peças quanto possível. Elas não só fizeram isso, mas também escreveram um livro sobre a experiência.

Recordando o momento em que elas entraram no quarto, Rosenzweigs escreveu: “No interior, um cheiro forte, meio acre, meio doce, permeou o ar, uma mistura de umidade, medicamentos, poeira e tempo”. Em um armário pequeno, elas descobriram “uma parte importante do guarda-roupa de Frida,”saias curtas e longas em cores bonitas com laço intrincado, huipiles (blusas típicas) com bordados espetaculares, tecidos chineses e indianos bordados por mãos Tehuanas, quexquemitls [uma espécie de poncho] e roupas do dia a dia; bolsas de malha em lã, algodão e seda… Havia também fitas e lã que Kahlo usava para ‘embelezar seus elaborados penteados’”.

foto por: Museu Frida Kahlo
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Quando Frida morreu, em 54, suas roupas ficaram 50 anos guardadas; as peças estão hoje expostas na cidade do México

Teresa López Jiménez, uma tecelã Tehuana, tinha duas tranças sem adornos no dia em que os jornalistas visitaram sua oficina em Oaxaca, mas ela, como suas companheiras Tehuanas, é conhecida por enfeitar seu cabelo com os mesmos tipos de fitas utilizadas por Kahlo. Durante uma sessão de fotos espontâneas no jardim, López pega as duas tranças, que atingem toda a extensão de suas costas, e as coloca para cima formando uma coroa em sua cabeça, assim como Kahlo poderia ter feito. A luz fraca oscila no concreto da oficina enquanto ela mostra aos jornalistas suas mais espetaculares blusas e saias, exibidas em manequins sem cabeça.

Duas mesas suportam o peso de pilhas irregulares de huipiles e várias prateleiras exibem saias, vestidos, lenços e outros enfeites, todos feitos pelas mãos de López. Ela se senta em sua mesa de trabalho e pega uma agulha e linha, uma mão em cima do tecido, a outra por baixo. Ela explica que a diferença entre uma peça cerimonial e uma que o turista pode ver em um mercado é a quantidade de detalhes. Uma blusa cheia de flores ou uma blusa bordada com flores, cujas nuances de tonalidade são como um pôr do sol quando você move da parte de fora das pétalas em direção a parte de dentro, requer mais trabalho do que um com flores menores, em pequenas quantidades, com uma cor monocromática para cada flor. López não olha para cima enquanto ela fala. Daqui a alguns meses, talvez, quando os jornalistas já estiverem em Detroit para assistir a ópera, ela vai puxar o fio pela última vez e amarrá-lo com um nó.

López, como Kahlo, tem um pé em duas eras. Ela está vivendo em um momento de transição cultural, em que as tradições estão sendo testadas e sua própria relevância como tecelã está sendo colocada em questão.

López vive em Tehuantepec, uma comunidade indígena, onde a tecelagem tem sido praticada por geração após geração. Ela não tem uma filha para poder passar adiante o seu conhecimento e habilidade. Ela não tem sequer o filho a quem deu à luz há 34 anos. Ele foi morto em julho passado pelo outro marido de sua esposa. Um homem, contou López, que nenhum deles sabia que existia. Sua perda e luto são recentes, e ela se aproveita da audiência para lamentar em voz alta as ameaças que pesam sobre a sua comunidade e sua própria família. As principais, ela reflete, são a deterioração dos valores tradicionais e o aumento da tendência de olhar para além da comunidade para buscar referências sobre tudo, desde o comportamento sexual até o que vestir.

Ela não se opõe – não de todo – a fazer parte do “mundo moderno”. Claramente, ela toca seu negócios na cidade de maneira muito competente, sem perder a noção de suas origens e identidades. Mas nem todo mundo no istmo (estreito de terra cercado por água) de Tehuantepec é tão bem-sucedido. Enquanto ela discorre sobre a sua teoria com mais exemplos, seu marido, vestido de jeans e uma camisa polo, circula tranquilamente ao redor da sala, servindo mezcal [bebida alcoólica feita da mesma planta de onde se produz a tequila] e ameixas embebidas em mel para seus convidados.

Há aqueles que lamentam a mudança cultural, os que se adaptam a ela e aqueles que estão a desafiando. Kahlo provavelmente teria se dado maravilhosamente bem com a Pastora Asunción Gutierrez Reyes, fundadora da Nueva Vida, coletivo de mulheres em Teotitlán del Valle, uma pequena cidade nos arredores da cidade de Oaxaca, que é conhecida mundialmente por sua tecelagem, especialmente por seus tapetes. Gutierrez pega e escolhe – como todos nós, no fim das contas – as tradições que ela quer defender. Casamento e filhos? Não, obrigado. Eles não são para ela. Tecelagem? É a sua vida. Ela começou a cooperativa para mulheres como ela, mulheres que queriam segurar os legados artísticos da cultura de Oaxaca, sem necessariamente ter de seguir também outros aspectos da tradição.

Dezesseis mulheres com idades entre 22 e 80 anos se juntam à Pastora no Nueva Vida para tecer tapetes espetaculares em três teares da cooperativa. Eles fazem os corantes para a coloração da lã à mão, seguindo a fórmula utilizada em Teotitlán del Valle por gerações. Ela mostra a cochonilha aos jornalistas, um inseto com aparência de sujo que é raspado dos cactos e esmagado até virar um pó fino cor de carmim. O pó é diluído em quase uma dúzia de tons de roxo, rosa e, quando o suco de lima é adicionado, um maravilhoso laranja. Ela mostra-lhes o azul índigo, uma cor que lembra o crepúsculo, e uma coleção de cascas e folhas deixadas de molho em vários frascos, cada um produzindo rapidamente um corante natural brilhante. Uma cesta de bobinas, enroladas firmemente com fios de lã tingida, largadas em um canto, estão esperando para serem pegas e colocadas na lançadeira do tear por uma mulher que se sente confortável com a tradição e que, ao mesmo tempo, a desafia.

Lidando com as tensões do antigo e do moderno.

O que, então, nos resta saber sobre Frida Kahlo, e por que ainda consideramos sua imagem e sua história tão atraentes?

As respostas estão nestes encontros, os momentos passados ​​com homens e mulheres que estão lidando com as tensões da tradição e as promessas tentadoras do futuro. As dinâmicas são muito mais fáceis de perceber quando estão representadas na figura, história e obra de Kahlo, ou quando são observadas nas comunidades e na vida de pessoas que permanecem mais apegadas ao passado do que nós. Mas todos nós estamos lutando contra essas mesmas questões e dilemas, cada um à sua própria maneira. A batalha pública de Kahlo é fascinante porque nos faz lembrar que não estamos sozinhos, porque nos ensina que podemos nos prender a determinadas partes do passado, que podemos viver vidas coloridas, bonitas, mesmo que o caos e as transformações estejam como um redemoinho em torno de nós.

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Frases de Frida

“Pies para qué los quiero si tengo alas pa’volar”

“Quizá esperen oír de mí lamentos de `lo mucho que se sufre´ viviendo con un hombre como Diego. Pero yo no creo que las márgenes de un río sufran por dejarlo correr (…)”

“¿Quién diría que las manchas viven y ayudan a vivir? Tinta, sangre, olor. (…) ¿Que haría yo sin lo absurdo y lo fugaz?”

“Esperar con la angustia guardada, la columna rota y la inmensa mirada. Sin andar en el vasto sendero, moviendo mi vida cercada de acero.”

“Jamás en toda la vida, olvidaré tu presencia. Me acogiste destrozada y me devolviste íntegra, entera.”

Fonte: Museo Frida Kahlo

Este texto foi originalmente publicado no Contributoria (e gentilmente cedido pela autora à Calle2)
Tradução: Marina Miranda

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