As 10 melhores cervejas brasileiras da atualidade
Cultura

As 10 melhores cervejas brasileiras da atualidade

Tem rótulos nacionais para todos os gostos e estilos; indicamos também três bebidas latino-americanas caso você esteja de passeio pela vizinhança

em 22/02/2017 • 09h30
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Listas, esse fetiche popular que, mais do que elencar uma relação de qualquer coisa, serve para semear brigas e discórdia, mas também para nortear algumas pessoas em suas escolhas. Quando a Calle2 me convidou para fazer uma escala das 10 melhores cervejas do país no momento, sabia que teria dor de cabeça pela frente – provocada pelas escolhas, não pelo álcool, por supuesto.

Como sou afeito a jogos, resolvi deixar o desafio mais complexo. Certo, serão 10 cervejas nacionais, mas vamos às regras e alertas:

– Precisam ser cervejas vendidas em bares, empórios, mercados ou afins, nada daquelas preciosidades experimentais que só podem ser bebidas nas próprias cervejarias – e isso se o dono ou o cervejeiro for com sua cara.

– Apenas uma cerveja por cervejaria poderia entrar na lista, incentivando a diversidade de produtores.

– Só uma cerveja de cada estilo poderia entrar na lista, incentivando a pluralidade de sabores – e nada de abusar de todas as variações possíveis de IPAs (India Pale Ale), estilo de cerveja com mais lúpulo.

Ditadas as regras sagradas, vale lembrar que listas são sempre pessoais e estamos em um mercado extremamente dinâmico, cujo cenário pode estar completamente diferente daqui três meses, por exemplo. Além disso, cerveja é uma preciosidade bastante delicada, não costuma viajar bem, então alguns rótulos podem ser magníficos se tomados no Rio de Janeiro, em Porto Alegre ou em Belém, mas talvez não cheguem bem aqui em São Paulo – onde bebo quase todos os hectolitros que consumo no ano.

A conferir:

Melonrise (Trilha): bastante aroma de frutas amarelas e maduras, textura macia, amargor breve e muito sabor de lúpulo ao final de cada gole. O rótulo da Trilha, cervejaria cigana de São Paulo, é um dos mais dignos exemplares brasileiros da chamada NE IPA, variação do momento do estilo que é o preferido da maioria dos cervejeiros. Seguindo linha semelhante, vale lembrar também da Citra Lover e da Mosaic Lover, ambas da Dogma.

Orfeu Negro (Dogma): a também cigana e paulistana Dogma é a responsável pela Russian Imperial Stout de nossa lista: a Orfeu Negro, uma pancada com 12% de álcool com notas de chocolate, café e baunilha. É daquelas cervejas que merecem ser tomadas aos poucos, sem pressa. No estilo, tem entre as principais concorrentes nacionais em termos de qualidade a Atomga, da Bodebrown, a EAP, da própria Dogma, e a Mangue Stout, da Way – esta anda bem difícil de achar por aí.

Dry Hopped Berliner Weisse (Way): por falar em Way… a cervejaria de Pinhais, cidade colada a Curitiba, entra na lista com o seu exemplar do estilo que foi tratado por Napoleão como “a champanhe do norte”. Extremamente refrescante, tem 3,5% de álcool, baixo amargor e acidez lática. Lembra que falei de tomar a cerveja perto de onde é feita? Neste caso, quanto mais próximo de Curitiba, mais fácil será de perceber as notas de lúpulo no aroma. Outra opção do estilo bastante digna é a Sourmind, da Dogma, feita com suco de manga e goiaba.

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Relaxe e Gose (Urbana): seguindo a linha ácida/azeda e voltando a uma cigana de São Paulo, esta é uma Gose – sim, esse é o nome do estilo – da Urbana feita em parceira com o bar Empório Alto dos Pinheiros e a Alma Rústica Gastronomia. Se aqui também há acidez lática, o destaque, por sua vez, fica por conta da utilização de sal na receita – sim de novo: é uma cerveja salgada, e é ótima. A própria Way também tem uma boa representante do gênero.

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Duo (Dádiva): aqui algo raro de se ver na atual cena cervejeira do país: uma interpretação de um estilo belga sendo executada de maneira sublime. A Strong Golden Ale da Dádiva, cervejaria de Várzea Paulista, tem 9,2% de álcool, é fermentada com levedura de vinho Chardonnay e leva chips de carvalho na maturação. De baixo amargor e bastante seca, a bebida ainda apresenta notas condimentadas, picantes e de frutas amarelas.

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Reserva 6 (Dama Bier): se ali tínhamos chips de madeira, aqui temos o barril inteiro. Ou barris, melhor dizendo. Feita para comemorar os seis anos da piracicabense Dama, essa Belgian Dark Strong Ale passa por barricas de carvalho utilizadas antes para a fabricação de vinho, cachaça e uísque e também por tonel de umburana. O mais interessante dela é que, no copo, é possível perceber elementos que remetem a todas essas outras bebidas, além de traços das madeiras, como baunilha e coco.

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Wee Heavy (Bodebrown): os curitibanos da Bodebrown já foram “a grande cervejaria do país” quando o assunto é qualidade, posto que também já passou por nomes como Wäls e Tupiniquim e que atualmente pertence à Dogma (como você já deve ter percebido acima). De seu auge, uma cerveja que continua sendo venerada é a Wee Heavy: com bom corpo e teor alcoólico de 8%, é doce, com notas carameladas, tostadas e, vá lá, defumadas.

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Saison de Caju (Tupiniquim): ainda é raro achar bons exemplares produzidos no Brasil desse estilo belga – quase sempre as cervejas são mais doces dos que deveriam -, mas o rótulo da Tupiniquim é uma boa pedida. Como quase todas as interpretações nacionais para Saisons, também leva frutas: manga e, como o nome entrega, caju. Para fabricar a cerveja, tiveram como parceiros os  estadunidenses da Stillwater Artisanal.

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Apa Cadabra (Hocus Pocus): a Hocus Pocus, do Rio de Janeiro, é outra cervejaria que tem se destacado pelas receitas na qual o lúpulo é o carro-chefe (bem como em nomes para as bebidas com trocadilhos infames). Aqui a dica de tomar a cerveja o mais próximo possível da fonte é novamente preciosa para que se usufrua o melhor que essa American Pale Ale pode oferecer: notas que lembram maracujá, frescor do lúpulo, bom amargor e, com 5,2% de álcool, potencial para se tomar em grandes quantidades (caso haja grana para se pagar por isso, é claro).

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Cupulate Porter (Amazon Beer): uma de fora do eixo Sul-Suldeste, enfim! A Amazon, de Belém do Pará, coloca ingredientes amazônicos em todas suas receitas. No caso dessa Porter, os aromas e sabores que remetem a chocolate, traço típico do estilo, são potencializados pela presença do cupulate, um chocolate feito a partir da semente do cupuaçu. A receita foi desenvolvida em parceria com as cervejarias Bodebrown e DeBora.

TRÊS LATINO-AMERICANAS

Como este site olha não apenas para o Brasil, deixo aqui também três cervejas latino-americanas que eu adoraria experimentar. Por favor, se for passar férias em algum desses países, não esqueça de trazer uma garrafa pra mim, tá?

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Imperial Saison Chardonnay Barrel (Juguetes Perdidos/ Argentina): de Buenos Aires, levou a medalha de ouro na categoria Wood-Aged Beer do South Beer Cup 2016, principal competição cervejeira dessa parte do continente. Pelo que consta, os maiores destaques deles são mesmo as cervejas maturadas em barris, como essa Imperial Saison envelhecida em barrica de vinho Chardonnay.

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Szot Strong Ale (Szot/ Chile): cervejaria de Talagante, a cerca de 30 quilômetros de Santiago, tem cervejas bem conceituadas no Rate Beer, um dos principais sites de avaliação do mundo (e cujos usuários costumam torcer o nariz para quase tudo que não seja dos Estados Unidos). Por favor, de lá eu quero a Szot Strong Ale, mas, se não tiver, pode ser a Sismo mesmo, a Barley Wine dos caras.

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Penélope (Fauna/ México): Más arriba, na Baja California, no México, quem encabeça minha lista de desejos é a Penélope, da Fauna, uma Robust Porter de 6,2% de álcool e que promete entregar bastante café no aroma e no sabor.

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